Ponente
Descripción
Reginaldo Mattar Nasser regnasser@pucsp.br
Ao longo dos seus 200 anos, a doutrina Monroe assumiu vários significados e teve implicações diferentes dependendo do contexto histórico e dos interesses dos atores políticos que procuravam justificar suas respectivas interpretações. Para enfrentar os novos desafios decorrentes de sua pretensão de ir além do hemisfério e tornar-se potência mundial, os EUA avaliaram que era preciso se legitimar frente aos poderes europeus se valendo de sua liderança no hemisfério, mas sem deixar de postular, ao mesmo tempo, a realização de seus interesses globais de grande potência. Ou seja, se, inicialmente, a doutrina Monroe teve um caráter de hegemonia regional - impedir todo e qualquer poder de desafiar a influência dos EUA no Hemisfério Ocidental, quando ela começou a se projetar para outras regiões do mundo assumiu uma face oposta ao que reivindicava na região. Essa contradição veio à tona na discussão sobre o artigo 21 na Liga das Nações que excluída a faculdade de ingerência da Liga das Nações em assuntos que se referiam não somente às relações entre os Estados americanos, mas também em relação a um estado europeu e os estados americanos, reconhecendo formalmente a Doutrina Monroe numa organização internacional. O Japão aproveitou a menção à doutrina Monroe como uma garantia especial às influências regionais para reivindicar sua doutrina “Monroe Asiática” a fim de garantir sua segurança estendendo sua influência na China, Mongólia e Coréia. Sua solicitação foi negada, o que confirmou a hegemonia dos princípios dos EUA de ordenação do espaço mundial como sociedade internacional. Entendemos que um momento propício para se compreender as tensões e contradições que envolviam essa dupla ação internacional dos EUA, no Hemisfério e outras regiões do Mundo, seja no período entre as duas grandes guerras mundiais quando o liberal internacionalismo procurava se afirmar como doutrina. Mas, nos permite também compreender como o liberal internacionalismo articulou a doutrina monroe com a geopolítica ao prescrever uma nova forma de ordenação dos espaços geo-econômicos.
