Ponente
Descripción
Buscando discutir interações da ocupação humana antiga (>8 mil anos atrás) com o meio natural, realizou-se integração entre estudos do meio físico e de antigos artefatos de rocha lascada na área central do estado de São Paulo (Brasil). Propõem-se dois padrões de inserção da ocupação antiga no contexto físico-natural: 1 – assentamentos em Patamares Transicionais (encostas ligadas a arenitos e basaltos que bordejam os planaltos regionais); e 2 – assentamentos em Terras Baixas (planícies fluviais). O primeiro padrão de interface mostra-se preferencial, já que agrega mais de 80% dos sítios e ocorrências arqueológicas registrados. É dominado por inclinações salientes, com abundantes afloramentos rochosos, adjacentes a níveis semiaplainados pontuais (segmentos de terrenos estáveis, em meio a unidade de relevo pautado por favorecer remobilização superficial). Seus artefatos arqueológicos são, na maioria, lascados a partir de arenitos silicificados. Já os sítios das Terras Baixas associam-se com registros de processos pretéritos em que a dinâmica fluvial mostrava-se capaz de fornecer seixos de rios que compensassem a baixa disponibilidade de afloramentos rochosos nesse compartimento de relevo; com artefatos apresentando maior diversificação de constituição (silexito, quartzo e arenito silicificado). Associações entre artefatos, amostras datadas por LOE e 14C, e caracterização de solos e sedimentos apontam, ainda, para a ocorrência de flutuações geomórficas e ambientais entre o Pleistoceno Tardio e o Holoceno Médio. Elas estariam correlacionadas em parte a diferentes interfaces das oscilações climáticas (e.g. transições de climas mais secos que o atual para mais úmidos) com os compartimentos da paisagem e ocupação humana da área.